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Porque falta água no Algarve?

18/09/2023

Artigo de opinião de José Medeiros Pinto (Consultor)

A escassez de água para abastecimento público em várias regiões do País é um problema recorrente que tem origem em políticas nacionais mal desenhadas.

Mas será que isto é uma sina ou poder-se-á fazer algo de concreto para minimizar o problema?

O Algarve é um caso paradigmático desta situação e é afetado frequentemente por reduções no abastecimento. O clima é quente de verão caracterizado por longos períodos de estiagem e por regimes de chuva torrencial que ocorrem predominantemente entre Outubro e Abril.

Precisamente porque as chuvas são de caráter torrencial, para ultrapassar o problema do abastecimento de água, é preciso sabê-la armazenar nos curtos períodos em que chove para a poder utilizar no resto do ano.

Estão definidos três novos projetos para mitigar a situação que se vive atualmente: uma dessanilizadora, uma captação de água no Guadiana no troço nacional do rio a montante da confluência com o rio Chança que servirá para recarregar a albufeira de Odeleite em caso de necessidade e uma barragem na ribeira da Foupana.

É reconhecido que o crescimento económico e populacional do Algarve requere novas necessidades em abastecimento de água, sem a qual toda a sua economia, baseada no turismo e na agricultura, está em risco.

Foi por isso que, com regozijo, vi anunciado pelo Governo o lançamento do concurso para o projeto da barragem da Foupana, processo que ocorrerá até ao final de setembro deste ano e que será conduzido pelas Águas do Algarve.

A nova barragem permitirá armazenar quantidades significativas de água, pois a sua bacia hidrográfica é superior à da ribeira de Odeleite, servindo para recarregar o sistema de Odeleite/Beliche que alimenta todo o Sotavento do Algarve.

A sua localização provável é próximo do paredão da barragem de Odeleite o que facilita a construção da conduta de ligação entre elas que terá uma extensão inferior a meia dúzia de quilómetros.

É pois um projeto fundamental para a região que permitirá criar uma reserva adicional de água e recarregar albufeiras e aquíferos existentes.

Recordo que os estudos iniciais para a construção desta barragem remontam a 1991, já lá vão 32 anos.

É caso para replicar o conhecido slogan escrito no paredão do Alqueva: “construam-me, p….!”.

Resta-nos aguardar com paciência oriental que este projeto avance e que interesses particulares ou corporativos não venham criar obstáculos e protagonismos desproporcionados que atrasem ainda mais a obra. E, ainda, esperar com muita fé que os cortes e a redução de abastecimento de água que hoje já se fazem sentir no Algarve não se tornem tão intensos que afetem de forma indelével as atividades económicas da região. Por falta de planeamento e visão, estamos dependentes da boa graça do clima!

Fonte: https://www.ambienteonline.pt/opiniao/porque-falta-agua-no-algarve